segunda-feira, outubro 09, 2006

Lula "admite" mensalão no debate da Band

Quem disse que não houve fato novo no debate com os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), promovido em 8 de outubro pela TV Bandeirantes? É claro que houve! Por ironia, o fato novo foi camuflado por um outro recorrente: o de Lula mudar seu discurso de defesa ao sabor daquilo que lhe é conveniente.

Num ato falho, o presidente admitiu indiretamente a existência -- ou a continuidade da prática -- de compra de votos em seu governo ao rebater as acusações do candidato tucano. Na tréplica de uma questão formulada por Alckmin no segundo bloco do debate, Lula esforçava-se para justificar o envolvimento e indiciamento de cinco de seus ministros em denúncias de escândalos feitas pelo procurador da República, e escorregou quando optou pela estratégia do contra-ataque. "Onde é que começou a compra de votos espúria neste País?", rebateu Lula. "O governador por acaso se esqueceu do processo da reeleição de 1996? O governador por acaso se esqueceu que foi ali que começou a podridão?".

Ao dizer que a "compra de votos espúria" começou antes de seu governo, Lula tentou se livrar da culpa pela autoria, mas não da prática. Nas entrelinhas, disse que o PT não deu a idéia, mas se aproveitou dela. Portanto, se o "mensalão", que é uma "compra de votos espúria", começou ou não em seu governo, o fato novo é que o presidente nunca havia admitido a existência dele. Antes do debate da Bandeirantes, sempre que questionado a respeito da dinheirama distribuída mensalmente a congressistas pelo lobista Marcos Valério, o presidente assumia apenas a existência de um "caixa dois" que financiava gastos de campanha de companheiros e coligados.


Fato velho
Também ao vivo, Lula deu nova versão aos fatos no início de agosto, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo. Pela primeira vez, Lula afirmou que foi ele quem decidiu afastar os ministros José Dirceu e Antonio Palocci do governo. "Todos que estavam dentro do governo federal foram afastados, sem distinção", disse. "Afastei o Zé Dirceu, afastei o Palocci, afastei outros funcionários que estavam envolvidos."

Até então, Dirceu e Palocci haviam saído por iniciativa própria. Até então, Lula só havia demonstrado ao povo brasileiro o quanto lamentava a saída de ambos os ministros companheiros. No discurso que fez em razão da despedida do ex-ministro da Fazenda, sobre o qual pairava a acusação de violar o sigilo bancário do caseiro Francenildo, Lula mostrou toda a sua dureza ao "cortar na carne", para aproveitar uma expressão que o presidente repetiu no debate da Band. "E eu posso te dizer, Palocci, que se é verdade que nem todo irmão é um grande companheiro, é verdade que um bom companheiro é um grande irmão. É por isso que posso te dizer, Palocci, independente deste momento que estamos vivendo agora, eu posso lhe dizer: a nossa relação é de companheiro, possivelmente mais do que a relação de irmão. Muito obrigado, querido."

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo q o Lula admitiu o mensalão. Ele sabia o q acontecia, mas busca apenas fugir da resposta direta, acusando outros q supostamente tinham a mesma prática. Porém, mesmo q seja verdade q em outros governos existisse tal prática, um erro não justifica o outro. O Lula é culpado por omissão, corrupção (passiva ou ativa) e pelo contínuo esforço de enganar a população brasileira.